Dia da Cachaça – Patrimônio nacional, bebida gera renda e emprego

A cachaça é um patrimônio do Brasil e conhecida em todos os cantos do país e no exterior. Dependendo do lugar, ela ganha um nome diferente. Pode ser “pinga”, “branquinha”, “caninha”, mas o que não muda é a versatilidade do destilado, que pode ser utilizado de várias formas, desde puro até nos mais diferentes preparos e receitas de drinques, pratos tradicionais e sobremesas.


A cachaça é um destilado feito à base do caldo fresco de cana-de-açúcar e possui selo de Indicação Geográfica, estabelecida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), por meio do Decreto 4.062/2001.


A data de 13 de setembro foi escolhida pelo Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac) para celebrar o Dia Nacional da Cachaça. A iniciativa, instituída em 2009, é uma homenagem à data em que a bebida passou a ser oficialmente liberada para a fabricação e venda no Brasil, em 1961.


Desde sua origem, na metade do século XVI, a bebida acompanha a história do país com personalidade. No livro “Bíblia da Cachaça”, o autor Ricardo Ditchun afirma que o destilado artesanal expressa a diversidade cultural e geográfica do Brasil justamente por ter seu modo de preparo associado a diferentes lugares, períodos e contextos.


“De muitas maneiras, ela manifesta sotaques, crenças e motivos de orgulho de cada capítulo histórico vivido pelos habitantes de cada região do país. Desde o momento em que surgiu nos engenhos de açúcar, foi conquistando o dia a dia de boa parte das situações rurais e urbanas”, diz em trecho do livro.


A importância da cachaça é traduzida em números. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Brasil possui 1,5 mil produtores de cachaças registrados. Anualmente, são produzidos mais de 1 bilhão de litros do destilado, com uma movimentação de R$ 10 bilhões na economia.


Segundo o Anuário da Cachaça 2020, do Ministério da Agricultura, a região Sudeste possui o maior percentual de estabelecimentos registrados para produção de cachaça (68,7%), sendo um total de 656 produtores. De acordo com o Ibrac, a cachaça gera cerca de 600 mil empregos diretos e indiretos no Brasil. Atualmente existem 5,5 mil marcas registradas no INPI.


A Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) trabalha para defender os interesses do produtor brasileiro e fomentar a cadeia produtiva e seus derivados. O colegiado tem discutido a análise da minuta de Portaria 339/2021, que dispõe sobre os padrões de identidade e qualidade de aguardente de cana e cachaça.


A minuta altera a Instrução Normativa da Cachaça (IN 13), principal regulamento que estabelece os padrões de identidade e qualidade da cachaça. “A discussão da portaria é de extrema importância para o setor. E como não poderia ser diferente, buscamos trabalhar com respaldo em estudos e laudos elaborados por especialistas do tema”, disse o presidente da Comissão, Ênio Fernandes.


A assessora técnica da CNA, Eduarda Lee, explicou que, com as alterações sugeridas, “busca-se atualizar os marcos regulatórios de caracterização e fabricação de ambos produtos e garantir a competitividade com outros destilados, levando em consideração melhorias na fiscalização e preservação da saúde do consumidor”.


Confira abaixo o depoimento de produtores de cachaça:


CELSO LUIZ SUTTI


Jundiaí – São Paulo


Na década de 70, a cana-de-açúcar já estava presente na propriedade da família de Celso Luiz. Na época, o produto era usado como silagem para o gado de leite. Mas foi na década seguinte que a cachaça começou a fazer parte do dia a dia da família Sutti.


“No início dos anos 80 surgiu a oportunidade de comprar um pequeno alambique. Com o tempo, a produção do destilado foi crescendo e decidimos comercializar. Então partimos para um alambique maior e buscamos a legalização”.


Para Celso, o segredo de uma cachaça de qualidade é “manter sempre tudo muito limpo, organizado, seguir todos os padrões, e utilizar a cana fresca como formas de produzir a mesma cachaça sempre”.


ROGER SEJAS GUZMAN JUNIOR


Jeceaba – Minas Gerais


Na propriedade dos sogros de Roger sempre existiu uma pequena plantação de cana. Mas a ideia de produzir a cachaça artesanal e construir o alambique surgiu a partir de 2002. Para atender a produção do destilado foram estabelecidos dois novos talhões de cana. “Com o apoio da minha esposa e podendo dispor da terra da família, colocamos em prática o projeto do alambique. Até hoje seguimos motivados”.


Segundo Roger, algumas práticas aplicadas ao processo de fabricação são importantes para a qualidade da bebida, como o plantio da cana, o corte sem queima, o manejo de cana fresca, o aproveitamento imediato do caldo, além de procedimentos adequados de fermentação, destilação e armazenamento.


Para o produtor, a cachaça é um patrimônio nacional e a síntese de toda uma cultura que vem atravessando os tempos. “Nossa expectativa é de um dia a cachaça alcançar o status de bebida mundial, de qualidade ímpar, múltipla nas suas combinações e utilizada de maneira versátil na gastronomia, coquetelaria, mixologia ou ainda combinada com outras experiências que darão ao consumo um significado maior, com surpreendentes vivências sensoriais, fazendo o que melhor sabe: unir pessoas, eternizar momentos ou simplesmente proporcionar um bem-estar àqueles que se permitirem ao seu consumo responsável, consciente, racional e moderado”.


JOSÉ MARIA SANTANA JUNIOR


Guaraciaba – Minas Gerais


José Maria cresceu dentro de uma cachaçaria, onde chupava cana, pulava no meio do bagaço e acompanhava a fermentação da cachaça. “Convivi com a cana toda a minha vida. Sou a terceira geração produzindo a cachaça de nome Guaraciaba”, disse.


O produtor estudou agronomia, mas sempre foi apaixonado pela cachaça. “Queria voltar para a fazenda e colocar em prática o que aprendi com meu avô e com meu pai”.


Segundo Santana, o segredo da cachaça de qualidade é a paixão, ter amor pelo que o que se faz. “Nós queremos que mais pessoas saibam apreciar um destilado de qualidade”. 


ERISTEU GIUBERTI JUNIOR


Rio Bananal – Espírito Santo


O bisavô paterno de Eristeu deixou a Itália para morar em Santa Teresa, região serrana do Espírito Santo, onde começou a plantar cana para a produção de açúcar. Em 1940, Guerino Giuberti se mudou para Rio Bananal para produzir a “Cachaça GG”, que leva as iniciais de seu nome até hoje.


“Em 1990 meu pai e seus irmãos assumiram a direção da fábrica e colocaram nossa cachaça em destaque nacional participando de vários concursos no país. Em 2007, foi eleita a quinta melhor cachaça branca do país e a primeira do Espírito Santo, segundo o especialista Marcelo Câmara. Hoje meu pai e meu tio estão passando o bastão para mim e para meus primos. Estamos reestruturando toda a fábrica, porém mantendo as características que deram o nome da nossa cachaça”, explicou Eristeu.


O produtor garante que o segredo de se produzir uma boa cachaça é o amor. “As técnicas e boas práticas de fabricação empregadas durante todo o processo também definem a qualidade da cachaça”.


Fonte: Assessoria de Comunicação CNA, em parceria com as Federações de Agricultura e Pecuária dos estados de São Paulo (Faesp), Espírito Santo (Faes) e Minas Gerais (Faemg)


 


 


 

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